- Perdemos tempo no trânsito, enquanto a metrópole ganha mais um postal de "cidade desenvolvida";
- Perdemos tempo com piadas e video-cassetadas, afinal, se não rir deles e com eles, eles irão rir de nós;
- Perdemos tempo na internet, quando a conexão é lenta, mas especialmente quando a conexão é impura,
- Perdemos tempo no shopping, enquanto procuramos uma vitrine que satisfaça a nossa vaidade;
- Perdemos tempo no sofá da sala, diante da ditadura televisiva, que nos dita o que temos que fazer, o que temos que vestir, o que temos que consumir, sem nos dar o direito de questionar;
- Perdemos tempo no caixa do supermercado, enquanto aguardamos a leitura óptica dos preços que nos escravizarão em uma nova dívida; Perdemos tempo no cinema, inflando nosso subconsciente de mensagens subliminares, enquanto nos “entretemos” com a pipoca e o guaraná;
- Perdemos tempo no banco, enquanto as “filas e senhas rápidas” nos encaminham para a próxima transação financeira, com suas infinitas taxas e impostos;
- Perdemos tempo nas reuniões, infinitas reuniões, que nada deixa resolvido, a não ser a data da próxima reunião;
- Perdemos tempo com o capítulo de ontem e de amanhã da novela das oito, que nada acrescentará à nossa vida nem à nossa cultura;
- Perdemos tempo com a desclassificação da seleção, que nos fez perder tempo acreditando no hexa;
- Perdemos tempo murmurando da vida, enquanto lamentamos o “destino” de não ter nascido em uma família de Alphaville;
- Perdemos tempo esperando ser sorteado na promoção do Faustão; enquanto gastamos nosso crédito e investimos na mídia global; Perdemos tempo... muito tempo.
Enquanto perdemos tempo, perdemos almas...
Enquanto perdemos tempo, perdemos almas...